sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Filme A invenção de Hugo Cabret



Hugo Cabret se passa em Paris dos anos 30 (Paris de novo!!), a primeira cena é um plano-sequência lindo sobre Paris que termina nos olhos do pequeno Hugo Cabret, o menino que observa a cidade atrás de um relógio na estação de trem Paris Nord como quem assiste a um filme.

A história tem todos os elementos pra ser uma obra prima, é baseado num best-seller com elementos reais, é metalinguistico (todo cinéfilo adora ver cinema falando sobre cinema) faz uma homenagem a um dos grandes pioneiros do cinema e tem a direção genial de Scorsese. Apesar de tantas conspirações a sensação é de que falta algo no filme, falta mais sentido, falta mais sintonia entre todos os elementos brilhantes incutidos.

A obra conta a história do filho de um relojoeiro (Jude Law) que morreu num incêndio, Hugo Cabret (Asa Butterfield) precisou morar com um tio alcolatra nos bastidores da Gare du Nord. Logo o tio desaparece mas Hugo continua a fazer o trabalho do tio pra evitar ir pra um orfanato. Torna-se um menino triste e solitário com um único desejo: fazer funcionar um robô que seu pai encontrou no lixo de um museu, se agarrando a esse que é o único elemento que o liga a pessoa mais importante de sua vida. Hugo busca no robô não só uma mensagem do seu pai mas um significado pra sua vida: “Se o mundo é como uma grande máquina, então eu não poderia ser uma peça extra. Eu tinha que estar aqui por um motivo.” Para sobreviver e terminar o concerto do robô ele comete pequenos furtos até que é pego pelo dono de uma loja de brinquedos, Papa Georges (Ben Kingsley). De imediato o expectador percebe que existe uma ligação entre o dono da loja e o robô quebrado.

Em A invenção de Hugo Cabret, o jovem Hugo acaba de tonando apenas um par de olhos azuis bonitos porque todo o foco do filme está em torno do mau humorado dono da loja que é na verdade o grande cineastra Georges Méliès, um dos pioneiros do cinema que, desiludido, se faz passar por morto e abre uma loja de brinquedos.

O filme traz alguns eventos verdadeiross, Méliès realmente trabalhava como um ilusionista e estava na plateia para a qual foram projetadas as primeiras imagens dos irmãos Lumiere. Ele se apaixonou pelo cinema e vendeu tudo o que tinha pra montar um estúdio de cinema, produzindo mais de 500 filmes em sua carreira. Viagem a Lua (Le voyage dans la Lune 1902) foi sua mais importante obra. Depois da guerra ele acabou falido (há discordância sobre os motivos) e indo trabalhar numa loja de brinquedos. Foi descoberto por jornalistas, recebeu algumas homenagens mas morreu pobre e sem o reconhecimento merecido.

Algumas narrativas se desenvolvem paralelamente a relação de Hugo com o velho dono da loja. O inspetor da estação de trem obcecado por encaminhar toda criança que ele encontra sozinha para o orfanato é interpretado por Sacha Baron Cohen. Ele se parece muito com um soldadinho de chumbo, tem uma perna deficiente e sua obsessão se justifica por ter, ele próprio, ter crescido em um orfanato. Esse poderia ser um aspecto interessante mas a ênfase em sua obsessão e as perseguições acabam ficando cansativas. A amizade entre Hugo e Isabelle (interpretada divinamente por Chloe Moretz) carece de um motivo start. Também não convence o motivo de tamanho desencanto do velho cineasta com sua arte. O robô, figura fascinante que tanto chama atenção no inicio do filme acaba se tornando semi-inútil no desenrolar da trama.

As interpretações são primorosas. Destaque pra rápida mas sensível atuação de Jude Law no papel do pai de Hugo, para a vara que Sacha Baron Cohen engoliu pra se manter tão ereto e, sobretudo  destaque para a grandiosa e marcante atuação de Ben Kingsley.

O filme tem um visual incrível. Segundo James Cameron, foi o melhor uso feito até então da tecnologia 3D. Independente de tecnologia a fotografia do filme é deslumbrante, a cidade de Paris escura como o coração dos personagens centrais, as cores que pulsam querendo saltar do cenário escuro, a luz quase mágica e o azul dos olhos do menino que Scorsese é mestre em retratar (lembra as cenas com ênfase aos olhos de Leonardo DiCaprio em O Aviador).

Além da fotografia o filme da uma aula de cinema homenageando o grande cineasta que mudou a história inserindo e seus filmes um elemento que está presente até hoje, a magia. A invenção de Hugo Cabret resgata cenas valiosas da obra de Méliès e é repleto de referências como o robô do Museu d´Art et D´Histoire na Suiça bem o epsódio do acidente ferroviário na estação de Montparnasse em 1895.

Os méritos do filme são tantos e tamanhos que superam suas pequenas carências, é um daqueles que não da pra não assistir. Scorsese retrata deslumbrantemente os primórdios do cinema francês, eterniza imagens preciosas e conta pro mundo porque o cinema é conhecido como fábrica de sonhos.



The Invention of Hugo Cabret. Direção: Martin Scorsese. Elenco: Asa Butterfield, Chloe Moretz, Jude Law, Helen McCrory, Ben Kingsley, Emily Mortimer, Christopher Lee, Sacha Baron Cohen, Ray Winstone.
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Um comentário:

  1. eu tenho que fazer questoes sobre esse filme e uma das pergunta é que tipo de filme é esse podem me ajuar

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