segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

“Eu Receberia As Piores Notícias Dos Seus Lindos Lábios”


“Santa é a carne que peca”

Baseado no livro homônimo de Marçal Aquino “Eu Receberia As Piores Notícias Dos Seus Lindos Lábios” é tão intenso quanto a obra que o originou. O filme narra um triângulo amoroso no interior do Pará envolvendo um pastor (Zécarlos Machado), sua esposa (Camila Pitanga) e um fotógrafo (Gustavo Machado).

Lavinia, ex-prostituta e usuária de drogas foi encontrada pelo pastor Ernani nas ruas do Rio de Janeiro. Através da palavra de Deus, numa espécie de sessão de exorcismo, o pastor a resgata do mundo das drogas e da prostituição. Depois faz dela sua esposa. 

Eles se mudam para o interior do Pará, onde ele, além de pregar sua fé, também luta contra poderosas madeireiras. Nesse cenário belíssimo e perigoso Lavínia conhece o fotógrafo Cauby, com quem acaba se envolvendo e vive um romance arrebatador.

Lavínia se torna uma musa para Cauby que a fotografa obsessivamente. Ela é uma personagem dividida entre o olhar de Cauby e as palavras do marido, que ela não tem coragem de abandonar.

-Vamos embora comigo Lavínia, Vamos embora daqui.
-Não posso, não posso…
-Você não pode ou você não quer?
-Eu não posso, eu não quero.

Eles não podem ficar juntos mas também não conseguem se abandonar. A química entre os personagens é avassaladora, as cenas sensuais que ambos protagonizam não tem maquiagem, são cruas,  densas. Mas se entregar a esses dois amores é algo que a frágil e confusa Lavínia  não consegue aguentar, essa divisão parece fazê-la sangrar e perder suas forças.

Dirigido por Beto Brant e Renato Ciasca, Eu Receberia As Piores Notícias Dos Seus Lindos Lábiosnão é um filme convencional. A forma como a história é narrada chega a causar estranheza em alguns momentos. Um dos pontos fortes do filme é a atuações dos personagens, Zécarlos Machado, Gero Camilo, Gustavo Machado e Camila Pitanga. Esta, se desnuda de roupas, vaidades e estrelismo, para se entregar de corpo a alma a esse papel que ela classificou como o maior da sua vida.

O filme foi lançado em 2012 é  o sexto da parceria entre Beto Brant e Marçal Aquino, anteriormente outras adaptações haviam feitas, em  “Os Matadores” , “Ação Entre Amigos”, “O Invasor”, “Crime Delicado” e “Cão Sem Dono” (2007).  Nenhum deles um blockbuster, como Eu Receberia As Piores Notícias Dos Seus Lindos Lábios também não o é. Mas é um filme marcante para quem tem a oportunidade de assistir, uma história forte, com poucas palavras, cores saturadas e uma honestidade perturbadora.

 Classificação Indicativa: 16 anos



Trechos Livro

“Lembrei dos dias que passei sem ela. Dias em que encontrar, por acaso, um fio de seu cabelo preso na fronha do travesseiro bastava para me encher de angústia e dor. Estive a ponto de rastejar. Atire a primeira pedra aquele que não estremeceu ao recuperar, nos lençóis encardidos da cama em que dorme solitário, o cheiro da mulher ausente. 
—————–
“Falamos, falamos, falamos. E mesmo assim faltou dizer tanta coisa. E escutar também. Ela nunca disse que me amava. Jamais ouvi de seus lindos lábios a sentença que pronunciei algumas vezes.”
—————–
“O que acontece é que, quando estou com você, eu me perdôo por todas as lutas que a vida venceu por pontos, e me esqueço completamente que gente como eu, no fim, acaba saindo mais cedo de bares, de brigas e de amores para não pagar a conta. Isso eu poderia ter dito a ela. Mas não disse.


Gênero: Drama
Direção: Beto Brant, Renato Ciasca
Roteiro: Beto Brant, Marçal Aquino, Renato Ciasca
Elenco: Camila Pitanga, Gero Camilo, Gustavo Machado, Zecarlos Machado
Produção: Bianca Villar, Renato Ciasca
Duração: 100 min.
Ano: 2011
País: Brasil


Palavras Chaves: Resumo filme Crítica Resenha Comentário Opinião Citações Diálogos Quotes cinema Oscar Psicanálise

terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Schindler's List - A história de um nazista que salvou judeus.




Por Raquel Rocha



O filme A Lista de Schindler foi baseado em uma história real, a princípio, transformada em livro. O aclamado diretor americano Steven Spielberg soube da história no ano de 1983 e convenceu a Universal Pictures a comprar os direitos autorais do livro.

Contudo, Spielberg julgava-se incapaz para dirigir uma história tão densa. Ele, então, convidou Roman Polanski - diretor de The Pianist, filme que também retrata o holocausto - Sydney Pollack e Martin Scorsese para  a direção de A Lista de Schindler. Todos os diretores geniais, no entanto não vejo como qualquer um deles poderia fazer um filme melhor do que o que Spielberg conseguiu.

Para rodar A Lista de Schindler, Spielberg precisou, por exigência da Universal Pictures, dirigir antes Jurassic Park. O filme A Lista de Schindler só ficou pronto 10 anos após a compra dos direitos do livro. O diretor declarou, posteriormente, que essa foi a melhor forma das coisas acontecerem porque ele não teria condições de filmar Jurassic Park após dirigir A Lista de Schindler, devido ao sensível estado emocional em que se encontrou ao final das gravações.

Para mim A Lista de Schindler é o melhor filme de Steven Spielberg e um dos melhores filmes de todos os tempos. Conta a história de um empresário alemão aliado ao regime nazista que salvou a vida de mais de mil judeus. O processo de transformação do personagem é lento e, durante as três horas de filme, o diretor Steven Spielberg mostra a humanização de Oskar Schindler com uma sutileza singular.

No início do filme, Oskar Schindler queria enriquecer abrindo uma fábrica de panelas e explorando a mão de obra barata dos judeus. Os judeus não recebiam salários, estes eram pagos a SS, mas naquela situação, para muitos judeus, trabalhar na fábrica de Oskar significava a diferença entre sobreviver ou morrer.

Schindler, ganancioso a princípio, queria fazer fortuna, ter muitas mulheres e promover festas extravagantes. Mas começa a sensibilizar-se em seu contato com os judeus e mesmo sem entender o porquê, passa a permitir velhos, doentes e até um aleijado em sua fábrica. Todos falam que o aparecimento de uma garotinha de casaco vermelho (no filme que é quase todo em preto e branco) é o momento da transformação de Schindler, mas, ao meu ver, Schindler está em transformação o tempo inteiro, em cada olhar, em cada palavra. Sempre alegando que determinadas pessoas são importante para sua fábrica, Schindler vai acolhendo pessoas que estão prestes a serem enviadas para a morte.

Numa das cenas ele impede que crianças sejam enviadas para o campo de concentração: “O que você está fazendo? Elas são minhas. Elas são minhas trabalhadoras. Elas são habilidosas produtoras de munição. Elas são essenciais. Meninas essenciais! [mostra para o guarda a mão da menina] Os dedos delas lustram o interior de granadas de metal. Como mais eu poderia polir o interior de uma granada de 45 milímetros. Me diga! Me diga!"

Perto do final da guerra, os nazistas enfurecidos mandam exterminar todos os judeus e é nesse momento que Schindler negocia com o oficial alemão a “compra” de alguns judeus. Ele começa a elaborar uma lista, pede que seu contador anote alguns nomes. Esse é o ponto alto do filme e uma das cenas mais belas do cinema, simplesmente um homem ditando nomes enquanto outro datilografa. E ele não consegue parar, prossegue com sua lista até que gasta toda sua fortuna  acumulada na compra dos judeus.  “This list... is an absolute good. The list is life. All around its margins lies the gulf.”  “Esta lista ... é um bem absoluto. A lista é a vida. Tudo ao redor de suas margens é o abismo.” diz seu contador Itzhak Stern. Para o expectador, cada nome colocado na lista é uma renovação de fé no ser humano.

There will be generations because of what you did.” 
"Haverá gerações por causa do que você fez. "
 Itzhak Stern

Rodado quase todo em preto e branco, o filme ganhou 7 Oscar (Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Roteiro Adaptado, Melhor Fotografia (Janusz Kamiński), Melhor Direção de Arte, Melhor Edição e Melhor Trilha Sonora Original (John Williams). Vale destacar as atuações brilhantes de Liam Neeson como Oskar Schindler e Ben Kingsley como seu contador judeu Itzhak Stern, ambos indicados ao Oscar.  A lista de Schindler também foi eleito o oitavo melhor filme americano da história.


Segue abaixo uma das cenas finais do filme.  Assim como este texto, a cena não é um spoiler. É do conhecimento de todos que que A Lista de Schindler é uma lista que salva a vida de judeus. E mesmo que eu escrevesse 30 páginas sobre o filme e mostrasse 20 cenas dele, nem assim as pessoas teriam sequer uma ideia da beleza desta obra sem assisti-la.

"Whoever saves one life, saves the world entire."
“Aquele que salva uma vida, salva o mundo inteiro”


Título original: Schindler´s List
Direção: Steven Spielberg
Ano: 1993
Gênero: Drama / Guerra
Duração: 197 min / EUA: 194 min
País: Estados Unidos
Língua: Inglês / Hebraico / Alemão / Polonês
Cor: Preto & Branco / Colorido (DeLuxe)
Som: DTS / Dolby
Classificação: 14 anos



Palavras Chaves: Resumo filme Crítica Resenha Comentário Opinião Citações Diálogos Quotes cinema nazismo holocausto judeu psicanálise

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Haicai do Natal


"Despontam os verdes,
Os azuis virão. O bem
Afugenta o mal."

                        
                       Cyro de Mattos